terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A última flor do Lácio: bela, porém inculta?

 Eu - pessoalmente – divirto-me com os erros de português do novo presidente e toda sua prole. Todos machinhos perfeitos, mas que não sabem falar português. Sim, porque ali ninguém se dá ao trabalho nem de reler, quem dirá de dar uma googadinha nas conjugações, flexões, sem falar de regência e concordância, e, claro, menos ainda de consultar um especialista antes postar os seus furiosos 140 caracteres. Falando ainda vai, pode-se dar um desconto. A oralidade tem sua licença, embora às vezes nem a poética perdoe, vamos combinar.

Profissionalmente, porém, entristeço-me ao pensar que é o terceiro presidente eleito seguido que não sabe falar ou escrever em sua língua materna.

Lula parecia se orgulhar disso ao bater no peito e dizer que nunca antes na história deste país ele estudara, e mesmo assim se tornara presidente do Brasil.

Dilma mentiu descaradamente sobre seu currículo Lattes. Parecia querer ser mais intelectual do nada que sempre foi. Zero ao quadrado é zero. Suas filosofias confusas e niilistas divertiram sua oposição, deram vasto material aos humoristas e forte dor no coração aos linguistas. A semântica nunca fora tão valorizada.

Eu não só não votei no atual presidente (nem nos anteriores) como fiz campanha contra. Sem mencionar preconceito, intolerância, racismo, homofobia, machismo, misoginia, radicalismo, desrespeito e falta de educação com que trata tudo que diverge de sua doutrina, um presidente deve ser, no mínimo, coerente e eloquente, com a licença da rima. Ele não é nem uma coisa, nem outra. Coesão e coerência passam longe de seu discurso. Eloquência nem se fala. Desdiz-se em apenas uma frase. Contradiz-se em apenas uma tarde. E põe a culpa na imprensa ou na equipe. Agora, contudo, as redes sociais estão aí para provar. Não adianta excluir o tuíte. O mundo virtual é muito mais rápido (e cruel) que o mouse. E ainda assim, ele continua desdizendo-se e o seus fiéis, desculpando-o. 

Fico triste porque eu estudo, resolvi me especializar em nossa belíssima língua materna e dou aulas de tradução, mantendo a firmeza com meus alunos sobre ter um excelente domínio da língua para a qual se vai traduzir. Mais do que ser nativo, deve-se conhecer profundamente as estruturas lógicas, até mesmo para utilizar as tantas variedades linguísticas que darão características individuais a cada texto. E se um presidente não consegue concatenar as próprias ideias, defender claramente os próprios pontos de vista ou flexionar um pluralzinho sequer, será mesmo capaz de resolver todos os problemas e salvar a pátria? Interpretação de texto é fundamental para o mais simples dos cargos. Continuo duvidando. E lamentando a falta de interesse dos próprios soberanos de uma nação em manter o seu maior patrimônio, a língua, muito mais importante que seu petróleo finito.
Será que foi, além de tudo, uma premonição de Olavo Bilac quando chamou a última flor do Lácio de inculta?





Em tempo, em 09/01: Escrevi antes de saber de mais um absurdo desse desgoverno! Revoltada com a mudança no edital dos livros didáticos!! Que retrocesso!!!!!!

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O Limbo Fonético-Fonológico de uma Carioca Curitibana

A letra da música “Curitiba Funk City” da banda curitibana Bonde das Impostora, a qual diz que “a gent[e] não tem sotaqu[e], é o povo d[e] fora, que é cheio de maldad[e]” é a primeira coisa que me vem à mente em se tratando de fonética e fonologia na prática. Curitibana típica, nascida e criada na capital paranaense, enchia-me de orgulho de pertencer a uma região “sem sotaque”. Afinal nossa pronúncia tão estigmatizada do E final, do S sibilado antes de consoante, e mesmo do R sem grandes vibrações é coerente com a ortografia, fonética e fonologia clássicas, pois tem o som da letra. Ou seja, falamos corretamente, em nossa autodefesa preconceituosa.
Aí um falante do leit[e] quent[e] se muda para o Rio de Janeiro. Aquele sotaque provinciano dá lugar a um sistema pronto de defesa pessoal, engatilhado pelo medo da cidade grande. Primeira providência? Não deixar aperceber-se como estranha a esse mundo de supostos malandros. Isto significa falar o idioma local. Como diz o mestre Bechara, “temos que ser poliglotas em nossa própria língua”.
Morava outrora em Laranjeiras, número cento e três. Pronunciar de acordo com minhas origens levava as pessoas a procurar o cento e treze. E o medo de ser passada para trás pelos taxistas quando, atrasada, preferia pegar a praia em vez da rua do Catet[e]? Mas ai se soasse assim! Poderia dobrar o taxímetro, passando d[e] lev[e] por Santa Teresa e ainda não perceberia. Para mim, não era fácil a neutralização do E e do U finais. Tampouco das pretônicas. Parecia forçar uma pronúncia que, além de não me ser natural, seria fruto da maldade do povo da cidade em que me inserira por escolha. De todo modo, era iminente o uso consciente da fonética para parecer o mais carioca possível: “Mai[ʒ] não pelo Catêt[i], p[u] favo[R]”, três variantes clássicas numa mesma oração. Do R constritivo vibrante velar sonoro múltiplo no fim das palavras ou antes de consoantes até hoje me incomoda a pronúncia. É antinatural à minha língua regional, com o R sempre mais alveolar e simples.
Contudo, já tenho cara de “gringa”, sou ruiva, branquela e sardenta. Antes mesmo de me julgarem sulista, recebem-me na praia com outro sonoro “good morning!”. Com receio de que me cobrem em dólar, lanço mão da minha estratégia: “[co`Ɛ], me[R]mão, sou carioca, tá maluco?”. Desconto garantido na “praiana”. Ao pedir informação ao “piloto” do ônibus então, há que se esquecer da forma polida de falar baixo, e gritar em alto e bom som: “Aê” – aqui acontece uma neutralização contrária à fala carioca, já que o advérbio usado como saudação neste contexto se escreve com I – “vai pela Primêru de Má[R]çu”. Monotongação é outro fator de segurança fonético na cidade do Rio de Janeiro. Passa mais credibilidade do que apenas chiar o S ou vibrar o R. Sigo “trenando”.

Após 13 anos de Cidade Maravilhosa, no entanto, vivo em um limbo fonético-fonológico. Meus conterrâneos já não reconhecem minha pronúncia curitibana. Meus colegas cariocas amiúde me perguntam se sou gaúcha. Ou seja, continuo tentando me inserir – sem completo sucesso – na “cidade-maravilha-purgatório-da-beleza-e-do-caos”. Agora já conheço alguns caminhos, já entendo o comportamento. Mas, para manter a rotina sem grandes estardalhaços, ainda abuso da fonética como fator de segurança, inclusive, para pe[R]tenc[ê] mê[R]mu! Difícil é entender por que alguns infinitivos fazem a apócope do R final e outras palavras marcam tanto essa característica de “falá” deste luga[R]. Mesmo assim, “quero meu crachá”.

sábado, 22 de setembro de 2018

Presente

Não, amigo, não precisa dizer que estou linda, elogio vazio de rede social. Até porque este não é meu melhor ângulo e a paisagem é bem mais bela do que eu.

Diga apenas que estou bem. Talvez, que sou inteligente, guerreira, que o inspiro porque corro atrás do que eu quero e encaro as adversidades, sem medo de ser feliz, a despeito do clichê.

Não diga como estou magrinha.

Diga que me admira porque sou ativa, porque pratico esportes, não tenho carro nem preguiça. Porque não vejo problema algum em descer a ladeira de casa de bicicleta ou a pé, de pegar carona, ônibus, VLT e metrô para chegar ao compromisso. De ir ao mercado e voltar com a mochila pesada de hortifrúti e cervejas, porque elas também fazem parte da minha dieta.

Não diga que sou corajosa porque deixei meus cabelos brancos aparecerem. Para isso, basta não pintá-los, é bem simples, não precisa de coragem.

Diga que sou corajosa porque superei a morte da minha mãe e uma depressão, porque mudei de cidade e de vida, escolhi sair de um mundo de dinheiro fácil e corrupção para outro de dinheiro curto e satisfação. Porque tive coragem de seguir meu sonho de infância e me tornar professora, apesar de a profissão ser cada vez menos respeitada e cada vez mais desvalorizada. Porque escolhi não ter filhos nesse mundo cruel e “overbooked” e encaro a minha escolha com convicção, não obstante os preconceitos e absurdos que sou obrigada, ainda, a ouvir.

Não diga que eu deveria fazer um botox para "ficar melhor" ou sei-lá-o-quê na minha fina sobrancelha, para virar dois mandarovás pisados, igual a todo mundo.

Diga que sou simpática, que meu sorriso o faz sorrir ou que meu olhar de bruxa mal-humorada lhe dá raiva. Sei que algumas pessoas mais próximas têm medo de encarar certos pensamentos meus, pois minha austeridade se reflete no olhar e na frase grosseira espontânea, quando desaprovo pensamentos ou ações. Prefiro essa sinceridade severa ao sorriso amarelo e manso da aquiescência.

Então se quiser me elogiar ou dar conselhos, não me venha mais com superficialidades que você acha que são importantes. É difícil começar a envelhecer. Ficaria mais fácil se todos enxergassem além do que se vende e do que se compra nessa caixinha de padrões restritos e inúteis. Aquilo que conquistamos e lutamos para preservar: nossa essência e nossa saúde, que o dinheiro não paga e os espelhos não refletem.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Ah, meu Rio de Janeiro

Poetizo de acordo com o momento,
quando o poema é bem-vindo.
Deixo de lado meu lamento,
seguindo.

Cidade, minha maravilha,
eu te amo e te odeio!
Misto de paz com guerrilha
no meio.

Continuo, não desisto!
A vírgula da diferença.
Olho e converso com o Cristo
na crença.

O Rio é de povo sofrido,
mas é sua gente que diz:
'Sou Carioca agradecido,
feliz!'

***
Antologia Poética
Prêmio Poetize 2015
Vivara Editora Nacional

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O que fiz ontem de manhã

Acordei com o som dos pássaros. Como todos os dias ultimamente. Tem um que canta pertinho da janela. Às vezes acho que é um bem-te-vi e outras, que ele não canta “bem-te-viiii”.  Mas é a mesma “voz”. Não gosto muito de acordar.
Moro no interior desde o solstício. Vida mais calma tem essa música urbana diferente, de rádio de elevador, mas só o repertório bom, que acalma. De repente estrondeado pelo carro de som do mercadinho que passa todos os dias. Ou do caminhão de gás.
Não acordar com despertador é uma conquista. Cada um com seu relógio biológico. Acordar aos poucos faz a gente engrenar aos poucos. Ainda tinha que meditar. Um exercício e um trato que fiz comigo mesma, na busca pelo relaxamento consciente, alternativa a remédios contra insônia. Porque fazer algo qualquer dia de manhã requer que se tenha dormido. E, cada vez mais, parece que dormir é um luxo. Lembrei-me das pessoas viciadas em remédios tarja-preta. E dos que têm problemas para dormir. Quem dorme bem, afinal? Eu durmo. É uma busca constante na minha vida, dormir é muito necessário. Sonhar é bônus. Fiquei a lembrar do meu sonho. Estava em algum lugar com minha irmã e não sei mais quem, pessoas íntimas no momento, mas que não tenho a menor ideia de quem sejam. De repente, fugimos numa Kombi azul, estilo “Pequena Miss Sunshine” e seguimos pelo elevado. Veja só, o elevado nem existe mais. E então, passando na frente da Candelária, caiu um satélite do céu em cima de um caminhão. Pensei por que sonhei isso. E me diverti com a reposta: não há explicação. Eu sonho quase sempre. E meus sonhos são bem birutas. Eu adoro.
Continuei deitada, pensando em levantar. Não gosto muito de acordar. Pode parecer depressivo – talvez seja um pouco –, enfim, não significa que eu queira morrer. Eu apenas não gosto muito do ato de acordar e levantar da cama.  Por outro lado, eu adoro ir para a cama. Deitar e relaxar. Acordar é levantar e agir. “Agir para quem planeja, pois quem se deixa levar apenas reage” – ouvi isso num seriado a que assisto. Verdade. Pensei em meus planos para o dia, e que preciso agir. O mundo já anda reativo demais. A reforma. Acabei de me mudar e obras são necessárias. A conquista por não ter despertador – e ter tempo – obriga a gente a aprender a fazer outras coisas, já que não pagaremos alguém para tais. Bom modo de se aproveitar da crise, não está fácil. Pintura de parede e faxina, por exemplo. Tenho que dar mais uma demão na cozinha. Aprendi até a passar massa corrida. E que vontade que dá de comer, que textura!, que maciez!, que brancura! Pena que é tóxica, senão dava uma colherada para experimentar. Gosto mais de passar do que de lixar. Esse é trabalhinho sujo. Mas lixei também. Depois de meia hora consegui duas bolhas nos dedinhos. E a dor no braço me lembrou da vacina antitetânica que havia tomado, depois de me cortar com um preguinho enferrujado. Vida na cidade do interior tem dessas coisas. Tem mais bicho. E casa dá mais trabalho do que apartamento. Você pode se cortar ou ser mordido. Tem bichos peçonhentos. Vacina antitetânica é importante. Nossa! Acordar e lembrar os sintomas do tétano é lamentável. Volto a ouvir o som do bem-te-vi. Agora parece que ele canta algo como ‘tô no jogo, tô no jogo’. Rio sozinha. Muito melhor que pensar nos espasmos musculares do tétano. Puxa, ainda tem que pintar o teto da cozinha. Pintar teto é castigo. O corpo-humano não foi feito para pintar tetos. Chuva? Sim, som da chuva caindo, que delícia!

Choveu muito ontem de manhã. Então eu virei para o lado e dormi mais um pouquinho. Não gosto muito de acordar.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Amanhã estarei viva?

Imagem do post de Ana Canas.

Participei, como cobertura de comunicação, de um evento chamado Mulheres Mobilizadas no dia da Mulher. No Largo da Carioca no Rio de Janeiro, as mulheres se mobilizaram para falar sobre saúde. SAÚDE. O aborto é somente UMA das causas que mais mata mulheres no Brasil. É preciso falar sobre o aborto. É preciso legalizar o aborto.

Não porque queremos fazer sexo desmedidamente e usar o aborto como método contraceptivo. Absurdo, né? Mas houve um senhor que passou por nós e gritou isso. Coragem de parar para conversar ele não teve. Gritou ligeiro, como se o ato de abortar fosse o mesmo de colocar uma camisinha. Como se abortar não causasse um trauma enorme na mulher, só perdendo para a obrigação de criar um filho sem estrutura e para sempre. E ainda sem o pai, que abortou no momento em que virou as costas para a mulher e disse: Problema seu. 

Se o problema é meu, eu que resolvo, certo? Errado. A pena no Brasil para a mulher que aborta é de 1 a 3 anos de prisão. E para o homem, que participou da concepção tanto quanto essa mulher?? Ou que fez sozinho este filho, por estupro, porque se a mulher não consentiu, ele fez sozinho, sim.

Por que é tão difícil entender? 100 mil mulheres abortam por ano no Brasil, sem condições. Esse número não pode ser ignorado. É muita hipocrisia.

Nenhuma mulher é a favor do aborto. Somos a favor da legalização do aborto, quando precisarmos e quisermos. Somos a favor de melhores condições para a interrupção voluntária da gravidez, quando somos só nós que vivemos os prós e os contras dessa decisão. SÓ nós.

Dona Ester, 67 anos, parou para conversar com a gente. Lembrou-nos de sua geração, quando as mulheres eram vítimas de estupro consentido pela lei. Explicou: “quando éramos jovens, os casamentos eram praticamente arranjados. Moça virgem com um homem já rodado. Eles já tinham ido a bordeis, levados por seus pais. Já sabiam o que fazer. Nós esperávamos e numa primeira noite de núpcias, querendo ou não, tínhamos que fazer sexo. E do jeito que eles queriam. Virgens, ignorantes. É estupro. Não querer ter relações com o marido, mas ser obrigada a “fazer o papel de esposa”. Estupro. Então vocês sabem por que o aborto não é legalizado e somente as mulheres são penalizadas? Porque a lei é machista!”

Obrigada Dona Ester por compartilhar sua sabedoria certeira. Ontem a lei que proíbe todas as formas de aborto, inclusive em casos de estupro, foi aprovada por 18 homens, na câmara dos deputados.

E nós? Continuamos na luta, apesar do retrocesso infindável deste país.


Não à PEC 181/15.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A palavra é

Da manga rosa, quero o gosto e o sumo. Quero ensopado de frango, sorvete, morango, suspiro, pudim e manjar. No café, pão salgado, pão de queijo, pão doce recheado, caramelado de açúcar. Eu quero um ou mais um.
Compartilhar a vida, não pôr a mesa, nem dar lugar. Pôr os pratos no chão e o chão está posto. Linguiças para tira-gosto, uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão e botar mais água no feijão. Sempre.
Esse oportet ut vivas, non vivere ut edas(1). Comer para viver, mas para viver, muito mais. Quero ervas que curam e acalmam, que aliviam e temperam.
Não só alimento, quero almo. Não só comida, mas, diversão e arte. Quero saída para qualquer parte.
Quero um lugar de mato verde para plantar e para colher. Uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais!
Quero dormir um sono tranquilo, sem temer os males ignorados pelo sonho acompanhado do sono da morte. Não basta apenas ser ou não ser, existir, sobreviver. Girar a mó todos os dias, praticar o contrário da prestidigitação. Por enquanto, não morrer.
Muito mais que alimentos usados para subsistência, suprimentos e provisão, quero o silêncio das línguas cansadas. Eu só quero chocolate e o café proibido pelo grande irmão. Quero minha dose de soma diária para aguentar a condição. Quero a música que une as pessoas.
Um homem de bom juízo pede ao céu, em oração, mente sana e corpo são.
Quero um banho de espuma, um dolce far niente, sem culpa nenhuma.
Quero tudo que alimenta, além da porção distinta da matéria, a parte incorpórea do ser.
Corpo, alma e vida.
Nada singular, pluralia tantum(2).
Víveres.



(1)Comer para viver e não viver para comer.
(2) Expressão tradicional da gramática latina que significa “apenas plurais” (afazeres, parabéns, arredores)